domingo, 24 de janeiro de 2010

A inquietante busca de um trabalho

E você sai de mais uma seleção. A única certeza é que continua desempregada. Depois do mal estar momentâneo e de se achar cada vez mais incapaz, você começa a analisar a situação. Não ajuda em muita coisa, mas eu continuo a alimentar a minha inútil mania de observar.

Uma psicóloga, baseada numas idéias de um cidadão de outro mundo, de outro contexto e de outro tempo decide te julgar. Julgar seu perfil. E aí, você até sabe os bla-bla-bla que tem de ser dito, mas depois de ouvir a mesma ladainha de 20 pessoas, decide continuar a ser você. E é óbvio que não seria aprovada para trabalhar no sistema bancário. Puta ironia!!! Uma simples consulta do meu nome no Google já evitaria o desperdício de me chamar. Mas já que eu fui até lá e o salário era bom, me submeti a tal da seleção. Vamos rir um pouco.

1ª fase: fazer uma redação com o tema “Minhas expectativas profissionais”.
Eu escrevo um monte de ladainha e termino com a frase. “Uma das minhas principais características é saber respeitar o meu tempo e o dos outros.” Que burraaaaaaaaa!!! E banco lá quer saber de tempo. É uma corrida contra o tempo e eu lá pensando em respeito.

2ª fase: apresentação (esta é a mais longa e divertida). Tinha alguns tópicos a atender (supimpas, claro!)
- nome, idade
- com quem mora
- trabalhos que já realizou
- diferenciais
- dica cultural
- porque deveria ser contratado

Eram vinte candidatos. Essa fase durou mais de uma hora. Mas poderia ter terminado em cinco minutos. Entre todos, foram citados três diferencias: vontade de aprender, ser arrojado e persistente. Todos, absolutamente todos deveriam ser contratados porque “aquela vaga era a cara deles, tinha tudo a ver”. Única e simplesmente isto. E a dica cultural, essa foi a melhor, eu até que tentei segurar o riso, mas o espetáculo era bom demais. Tinha os mais cult, que indicavam livros: “Quem mexeu no meu queijo?” e o “O monge e o executivo” (acho idiotice ler best sellers. Todo mundo fica na mesma forminha, igualzinho. Eu já aprendi marchar quando participava de fanfarra. Basta!). Mas também tinha os descolados, que falavam que o SESC atende a qualquer público (não me convenceram que só conhecem os “TI-BUM do Itaquera). E claro, o povo natureba, que ficou entre o Ibirapuera e o VilLa Lobos (sobre o Ibirapuera acho que não precisa de indicações e quanto a mocinha que indicou o Villa Lobos, disse que vai lá sempre andar de bicicleta. Mentiraaaaaaa, se assim fosse não estaria gorda daquele jeito hehe). O trecho mais longo foi o pessoal falando sobre o trabalho. Como trabalha esse povo desempregado hein!!!

3ª Teste individuais de português e matemática.
O lado bom: não ter mais que ouvir nada. O lado ruim: a matemática. Pensa em alguém que brigou com absolutamente todas as professoras dessa matéria. Eu não entendia, achava que a culpa era deles, professores do Estado vocês bem pode imaginar, e o resultado é uma pessoa incapaz de resolver qualquer coisa além de expressões numéricas.

E assim, depois de quatro horas eu me finalizo. Eu não segui nenhum roteiro. Acaba aquilo ali e acaba algumas outras coisas em mim.

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