quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dias vermelho

Que vontade de jogar tudo pro alto.

Uma sensação invade o peito e cria forças até então ocultas. Acho que muitos dos grandes gênios sejam eles artistas ou criminosos agiram sob influencia desta energia.
É um sentimento instigante e motivador. A adrenalina sobe, a paixão aumenta, os desejos ressurgem. Tudo é mais, tudo é demais. Esta sobra sufoca o meu corpo e não transcende o meu ser. São pesadas e puras emoções. Leves e cansativas . São sensações d’alma. De uma alma esperançosa e inquieta. Que age e espera. Que grita e se cala. Que se expande para não caber neste mundão, que teima em girar, tontear e permanecer estático, gélido e sombrio.


Sombras abandonadas, sensatez aposentada, lucidez contrariada...Vontades, desejos e escutas daqueles cinco dias agradavelmente femininos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Rapidinhas de carnaval

Tem gente que se preocupa com a paz do mundo
Tem gente que tenta amenizar a fome dos mais necessitados
Tem gente que se preocupa com xixi do cachorro

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Ele só usa cueca da Colcci
Será pra sustentar muito valor ou disfarçar a falta dele?

-

Tem coqueiro que não dá coco
Tem bananeira que não dá banana
Tem gente que não da gente

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sexta-Feira 13

Que o boliche combinado me aguarde por mais uma semana
Que cerveja com o meu querido jappa não esquente até o próximo convite
Que meus colegas tenham entendido o meu silêncio
Que a barra de Laka devorada ferozmente não me engorde mais que o habitual
Que a hora extra do almoço não tenha sido entendida como desleixo
Que o cinza deste dia não tenha adentrado minha alma
Que a chuva que me alegrou não tenha ferido outras pessoas

Desculpem por ter saido nua. No lugar da fantasia hoje eu preciso de colo!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Firme Solidão

Da janela do serviço, em uma manhã de quinta-feira e ao som de Leone, enquanto aguardo as pautas que sempre chegam no fim da tarde, com dead line justíssimo só pra fazer jus a profissão jornalística, observo um dia chuvoso.

Do alto do prédio com uma ampla visão, me recordo de um texto de Arnaldo Jabor em que ele diz que a solidão é o mau do século. Ele fala da solidão exclusivamente num relacionamento a dois, onde as pessoas são sozinhas nas coisas mais simples como passear de mãos dadas ou curtir um dia chuvoso debaixo de cobertas e comendo pipoca. Porque sexo sempre há e pra isto a solidão é facilmente eliminada.

Mas não é apenas “a dois” que a solidão existe. Ela prevalece em quase todos os relacionamentos humanos.
Está chovendo e as janelas estão todas fechadas. Fico pensando nessas casas fechadas. Mas logo o pensamento volta à visão. Observo o vai e vem dos carros. A maioria absoluta está com apenas um ocupante. Bem aqui em frente um homem troca o pneu de seu carro; sozinho.

Entendo. Toda esta solidão tem nome: é segurança. As casas fechadas protegem filhos da periferia que muitas vezes passam os dias sozinhos enquanto seus pais vão a busca de um futuro melhor. Os motoristas solitários da semana, em seus caros carros estão atrás de contratos, negócios e é preciso mesmo ir sozinho porque alguns detalhes os funcionários não podem ter acesso. A dificuldade encontrada pelo homem, que debaixo de uma chuva forte troca o pneu de seu antigo carro é também solitária porque pode ser um truque para atrair um crime.

Nas buscas, geralmente estamos sozinhos. A solidão é segura. Não há riscos, não há envolvimentos. Mas a nossa segurança é frágil ao contrário da solidão que está cada vez mais firme.

A chuva ficou mais forte. Menos gente nas ruas. Os poucos correm ou se protegem com guarda chuva, sobras de teto ou sob galhos de árvores. Ninguém se atreve a água. Molhar-se significa perder a segurança de voltar a cadeira do escritório, o almoço no restaurante ou a reunião importante.

E a solidão segue com segurança, esta que se desmancha com algumas gotas do céu.

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Conto de uns contos

Deu pra gostar de crônicas. Coleciona algumas e acha que todas a completam.
Talvez esteja vazia. Talvez precise de complementos. Prefiro achar que se abriu para um mundo novo.

Um mundo maior do que o de histórias bem narradas. Uma seqüência menos lógica do que tem vivido. Agora vê e participa de contos alheios. Trancou a limitação e está na rua. Observando e vivendo outros mundos.


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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?

Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer

Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
OSWALDO MONTENEGRO - A lista


...ainda refletindo algumas saudades!!!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu tô tentando

Eu tou tentando largar o cigarro
eu tou tentando remar meu barco
eu tou tentando armar um barraco
eu tou tentando não cair no buraco


Eu tou tentando tirar o atraso
eu tou tentando te dar um abraço
eu tou penando pra driblar o fracasso
eu tou brigando pra enfrentar o cangaço


Eu tou tentando ser brasileiro
eu tou tentando saber o que é isso
eu tou tentando ficar com Deus
eu tou tentando que Ele fique comigo
eu tou fincando meus pés no chão


Eu tou tentando ganhar um milhão
eu tou tentando ter mais culhão
eu tou treinando pra ser campeão
eu tou tentando ser feliz


Eu tou tentando te fazer feliz(bis)
eu tou tentando entrar em forma
eu tou tentando enganar a morte
eu tou tentando ser atuante


Eu tou tentando ser boa amante
eu tou tentando criar meu filho
eu tou tentando fazer meu filme
eu tou chutando pra marcar um gol
eu tou vivendo de rock 'n roll


KID ABELHA - Eu tô tentando


...refletindo algumas tentativas!!!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Fortuna


Passar a melhor madrugada dos ultimos tempos comendo sorvete na calçada com a melhor amiga, sob um céu deslumbrantemente estrelado que te faz ver como a vida é infinita e nos induz a viajar ainda mais nas idéias, sonhos, projetos e vontades.

Levar um buzinão na rua e quando estiver preste a concluir o quanto dirige mal ouvir o motorista dizer: é que é tão raro ver moças bonitas e solitárias nas noites de sábado que tive que fazer isto pra ver se era miragem, travesti ou realidade.
Não entendi, mas ri. MUITO.

Acordar as 13h de um domingão com o cheirinho do almoço feito por papai e com um doce pedido: Sú, acorda pra você provar o novo prato que eu inventei.

Passar a tarde no balanço da rede ouvindo MPB no último volume, cantando com a minha voz habitualmente baixa e totalmente fora de ritmo.

Encontrar as simplicidades que me fazem muito rica, sem precisar de um buzinão ou de grandes acontecimentos pra constatar as minhas verdades.

Isto = Aquilo

Ouvindo um “amigo” falando de relacionamento, de escolhas de vida, entre muitas coisas ele me disse escolher não amar. Na hora e por alguns dias seguintes eu fiquei achando isto um absurdo. Escolher não amar é uma opção de fracos. Como renegar em sua vida algo que é a razão da dela? Acho de uma frieza imensamente triste adotar esta posição, mas respeito. Sou fiel ao pensamento de Voltaire quando diz:

“Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la.”

Mas fiquei encucada com isso de “escolher não amar”. Algum filósofo, que não me recordo, uma vez disse que amar é uma decisão. E eu por muito tempo achei que este tivesse razão. Mas para concordar com ele teria que admitir que escolher não amar também têm coerência. E realmente não tem.

Nesta imensa confusão com sentimentos alheios, eu voltei para os meus.
Ok, escolher não amar é uma decisão que eu não pretendo adotar, mas ainda assim, louca pra amar, eu também não amo (entenda neste caso apenas amor num relacionamento a dois).

E aí, o que é mais frio, escolher não amar ou...simplesmente não amar???

Ainda estou pensando. Tentando descobrir qual frieza é menos covarde.