sábado, 31 de janeiro de 2009

Comidinha Básica

Num desses papos de “mulheres bem resolvidas” e, em nível de igualdade com vocabulários masculinos, falava com uma amiga sobre relacionamentos (ou não!).
Enquanto ela se queixava que em sua maré não havia peixe eu falava que os meus andam famintos demais.

Sozinha só fica quem quer. Mas isso não quer dizer que ter companhia está fácil. Não, definitivamente não está.

Recebo convites, elogios e todos os xavecos habituais. Com a única finalidade de matar a fome. Já me dá enjoou antes. “Ah, mas você também não está com fome?”
Sim, estou. Mas a minha fome não passa só com lingüiça.

Não quero caviar, como ela sugeriu. Caviar é caro, leva tempo pra entrar na sua rotina. Primeiro tem que trabalhar, conseguir uma grana, status e então começar a degustá-lo. Assim como o amor, exige tempo, vivência e experiência.

Mas alguns acompanhamentos básicos são necessários até pra uma comidinha básica. Uma lingüiça fica bem melhor com arroz, feijão e farofa. Uma trepada também é BEM melhor com carinhos, atenção, entrosamento, calor. O restante é a la carte, depende do momento, do apetite, de cada um.

Fato é que andorinha sozinha não faz verão. Lingüiça pura não mata a fome. E peixe pequeno eu não pesco.

Já que o texto está esdruxulo mesmo, entenda-se por pequeno gente que se contenta com pouco, que deseja sem vontade, que usa vara para qualquer sardinha e que come qualquer coisinha.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Traição

Cansei de trair. Tá na hora de ser mais leal.
Cansei de trair o amor, a sinceridade, a honestidade.Cansei de trair as minhas verdades
Cansei de me trair.

Cansei de sorrir pra hipocrisia.
Cansei de conquistar o amor com os joguinhos de sedução.
Cansei de enganar a sinceridade me fingindo de “boa praça”.
Cansei de iludir a honestidade ficando em harmonia com a cumplicidade.

Trai-me muito. Fiz o jogo dos outros. Entrei de gaiata e até que me dei bem, mas cansei.
Traição agora só com a verdade alheia.

Porque pra quem merece a mentira, a traição é sempre a melhor opção.
Traia: conte verdades.
Traia: seja legal.
Traia: seja você.

A pior traição é ser verdadeira!!!



3

Três são os principais poderes do nosso país, que pouco representam.
Três são os pontos finais que juntos formam as reticências e permitem vários finais para um mesmo fim.
Três são várias coisas, muito mais que três.

Três também sou eu.
Sou o começo de uma interminável seqüência.
Sou ímpar.
Tenho três amores, tenho três estrelas, tenho três amigos. Mas eles não se somam; todos os três são apenas três.

No céu uma infinita constelação. Três estrelas se destacam por sua união. Cada lugar do mundo tem uma lenda para isso. Talvez a astronomia explique melhor.
Assim também são as minhas estrelas. Juntas e de destaque. Um único brilho.
Às vezes muito longe. Assim como no céu, às vezes encobertos. Mas a certeza de que sempre estarão brilhando, é o que me anima a continuar caminhando.

É só olhar pro alto. É onde estão as minhas estrelas
.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Acidente (?)

Meu, o teto da renascer caiu.
Esta frase da uma aula de semiótica incrível!!!! Realmente não necessita de complementos.

Será que Deus resolveu vir a Terra, e chegou com muita força??? Ou os louvores para alcançar o céu estavam começando a surgir efeito???

E os meus charás (os Hernandez, donos da igreja), lá nos States, tranquilos, milionários, mas orando!!!

Tem fatos muitos simples de entender.

No espelho

Mimada
Frágil
Carente
Indecisa
...com fantasia de FORTALEZA!!!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Contra o egoísmo.

Este não é mais um entre tantos textos que defendem o “direito a vida”. E muito menos um relato de uma grávida desesperada. Tampouco uma apologia. É uma sólida opinião. A FAVOR do aborto. E se você é daqueles que também nunca pararam pra pensar por si, sempre seguiu o que ouviu, desde que por este caminho está, talvez queira me condenar à fogueira. Um favor: dá logo um tiro, porque eu tenho pavor de calor!!!

Sei que se declarar abertamente a favor de algo que é considerado crime em nosso país, pode me condenar de imediato. O aborto é crime previsto em lei, mas não é por isso que as pessoas o repugnam. Nesse caso, a opinião quase que unânime está ligada a vínculos religiosos. Ainda que inconscientemente.

É pavoroso estar no meio de uma discussão sobre o assunto e quando questionar alguém sobre o porque da sua posição contrária ao aborto, ouvir a máxima “nem precisa explicar né”.

Defender o direito ao aborto é eficazmente defender o direito a vida. Porque vida não deve se resumir ao simples ato de nascer.


É obvio, que assim como grandes partes dos países avançados e pensantes do mundo, o nosso Brasilzinho vai liberar o aborto. Mas enquanto isso não acontece, a mulher continua a não ser dona do seu corpo, continua a ser obrigada a ter filho.
Neste momento aparecem os defensores. Defensores sabem nem eles direito do quê. Com seus conceitos sempre ultrapassados:

- É só se cuidar que isto não acontece.
- Não devemos tirar o direito da vida de um ser indefeso
- Já há vida desde os primeiros dias
...e todos os bla bla blas que não mudam nunca e todo mundo já sabe de cor.


É fato, que com a prevenção, a possibilidade de uma gravidez reduz consideravelmente. Mas, em primeiro, que NENHUM método é 100% seguro e o “anjinho” pode sim descer do céu sem ser solicitado. E aí? É certo trazer para o mundo, alguém que não será bem vindo. As regras de etiqueta e convívio social sempre dizem para não convidar pessoas indesejadas. Mas no caso do aborto, é lei, é obrigação aceitar este alguém. É preciso amor para uma convivência tão assídua como uma relação familiar. E não é um artigo que basta para compor este amor.
E outra, que atire a primeira pedra que nunca agiu por impulso, ainda mais com tesão na parada.

As leis brasileiras são ultrapassadas, assim como quase tudo que é imposto por religiões. E a contrariedade ao aborto se firma entre esses dois vulneráveis alicerces.

Minha opinião se baseia em apenas um aspecto: o amor às crianças. E agora, trabalhando frequentemente com estes seres iluminados, sei o quanto é injusto aceitá-los só por cumprimento a uma lei e por medo dos maus olhares da sociedade.

As mulheres um dia não tiveram o direito de escolheres seus maridos;
As mulheres foram queimadas em fogueiras por livre arbítrio;
As mulheres não puderam trabalhar;

Isto mudou.
Mas elas ainda são obrigadas a terem um filho. Independente de não terem apoio emocional, abrigo, condições psicológicas...Um equívoco cometido, onde nós mulheres, sozinhas, somos OBRIGADAS a responder pelas “consequências”...Mas caso não queira, é só aguardar nove meses e despejar o hóspede em algum abrigo, albergue. Por que este tipo de descaso é permitido por lei.

É certo isso? É humano isso? É divino isso?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Viajando com as montanhas


Tenho poucos medos nessa vida. Talvez sobrem dedos de uma mão para enumerá-los. Um deles, não sei bem se é medo, mas é algo que muito me faz pensar: montanhas.
Adoro viajar, mas sempre que a estrada tem como paisagem montanhas, eu fico apreensiva. Quanto mais alta e fechada for a montanha, mais longe vão meus pensamentos . Acho que irracionalmente luto para tentar quebrá-las, vencê-las.

Os carros passando, toda a vida das cidades acontecendo e as montanhas sempre lá, como grandes observadoras da situação. Mas não são simples espectadoras, elas são superiores, estáticas. E eu tenho pavor de coisas sem movimentos.
Não há a menor graça quando não existe interatividade. E isto serve tanto para objetos, natureza, quanto para pessoas.

Sabe, eu prefiro o vento que pode vir e acabar com tudo e nos dá a possibilidade da reconstrução, do que as montanhas, paradas, sólidas, firme, frias, mas que nunca se renovam.
Assim é meu gosto também com humanos. Prefiro os que chegam, arrasam, caem, levantam e passam a vida num vendaval, do que aquelas pessoas que servem de exemplo por ter conseguido uma vida estável e sólida e bla bla blas.

É sempre assim, em toda viagem, eu viajo. Seja por estradas, por pensamentos ou por picos de montanhas.

Abaixo uma poesia MARAVILHOSA, de autoria de Luciano Pereira de Souza que descreve perfeitamente esses meus sentimentos.

EU QUE QUERIA SER RIO

Eu tinha um caminho a trilhar,
mas resolvi estacionar.
Optei pela velha realidade
e afoguei a minha verdade,
por medo de perder aquilo que não poderia ter.

Eu que queria ser rio, hoje sou montanha.
Acabei trocando o meu mundo
por um maldito canudo.
Agora vivo a me anestesiar
pensando em algum dia acordar.

Hoje, sou um homem sério, conquistei a minha paz de cemitério
Eu que queria ser rio, hoje sou montanha.
Agora só importa o material
e isso me faz tão mal.

Eu que sonhava com grandes vitórias
acabei mudando o curso da minha história.
E o meu sonho de infância foi sufocado pela minha ignorância.

Eu que queria ser rio, hoje sou a montanha.
Se pudesse voltar atrás
abriria mão dessa suposta paz.
E ficaria em constante perigo,
mas satisfeito comigo.
Só quis escutar a razão, agora não me sinto bem
com meu coração.

Eu que queria ser rio, hoje sou a montanha.


Luciano participa do Entremeio Literário criado pela coordenadoria de Cultura de Mogi das Cruzes. Para conhecer este e mais outros expressivos escritores compareça ás “Terças Literárias”, a partir das 19h no Casarão do Carmo, na própria cidade de Mogi.