domingo, 5 de dezembro de 2010

Amor sem detalhe

Bons casos de amor começam com um começo. Mas o meu não teve começo, apenas fins. Desse jeito mesmo, no plural. Com algum esforço eu ainda me lembro do meio, mas do começo jamais!


Da primeira vez que ficamos era o meu fim de um outro relacionamento. Depois foram vários encontros em fins de festa. Volta e meia nos falamos no fim do dia. Quando ele consegue algo, sempre comemora comigo. Ele nunca representou começo de nada, mas eu cismava em terminar noites no colo dele!


E assim foram dois anos bem vividos, finalizando coisas, sem nunca ter colocado a pedra fundamental em lugar algum, mas tendo cercado nosso espaço para que ninguém chegasse perto. Tudo confortável, tranqüilo e pacato como um pequeno agricultor que cultiva seu sustento e se satisfaz com aquele pequeno terreno.


Mas aí ou vem uma peste e acaba com a sua plantação. Ou a tal evolução das coisas, que deixa as pessoas sem saber cuidar de pequenos cercadinhos, de detalhes, e ir colher e amar algo maior, em outro lugar. E então, ou você termina a vida com dinheiro no bolso ou só desabafa em textos e palavras sem muito sentido.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nada substitui o pão

Os veículos de informação do Brasil, ao menos no seu jargão, não fazem propaganda enganosa.


Diário de Suzano: Sempre mais informação

Mogi News: Muito mais notícia

Estadão: Muito mais conteúdo

(numa breve leitura do que me veio à memória, depois acrescento outros)


Além da evidente falta de criatividade, os informativos deixam clara a missão de nos entupir de mensagens, não necessariamente de qualidade.

Por isso, ainda fico no pãozinho francês. Sustenta e é sincero no rótulo. “Motivo pelo qual não fazemos o maior e sim o melhor”. Alguém arrisca a dizer qual seria o slogan se o pãozinho fosse brasileiro?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Resposta de chefe

É meu caro, esse gosto por simplicidades que nos torna tão indecifraveis;

Esse desejo de querer muito o tão pouco que nos torna rebeldes...

Esses sentimentos inatos que são substituídos por padrões solicitados;

E essa caminhada estéril, que as vezes deixa sem vida nosso tempo..


SEI BEM COMO É TUDO ISTO!

domingo, 31 de janeiro de 2010

2009

Com algum atraso, tava pensando aqui no ano passado. Sem dúvida o ano de maior movimento da minha vida adulta. Muita coisa aconteceu. Amores, emprego, estudo. Foi tudo de um lado pro outro, numa bagunça geral. Não tive bons resultados ou grandes conquistas, mas me felicita saber que vivi.



"Inteligência é movimento". Me fizeram ser inteligente. Porque certamente 2009 não foi ano idealizado, pensado. Eu fui uma pecinha no tabuleiro e o danado do senhor Deus ficou lá mudando o jogo a todo tempo, fazendo altas jogadas estratégicas. Só não teve checkmate.



sábado, 30 de janeiro de 2010

E O RIO DE JANEIRO CONTINUA INDO

(texto de um maluco, que me faz ter certeza que existem pessoas que pensam e agem exatamente igual neste mundo)


Eu mando mensagens pra pessoas que gosto de madrugada. Continuo fazendo isso. Foi o que fiz nessa madrugada carioca. Fico assim quando estou bêbado de madrugada. Querendo me comunicar com as pessoas que gosto. Pelo menos as que eu acredito que não vou incomodar. Gosto de ser assim. Eu sei que algumas estão dormindo e nem viram a minha msg. Algumas me respondem carinhosamente. Outras até me ligam de volta no meu celular com chip carioca e ficam um tempão conversando comigo. Bom saber que não tô sozinho quando preciso delas. Converso, ouço elas falarem, digo coisas que pelo menos pra mim tem o mó sentido. Era pra eu ter ido dormir há mais de cinco horas. Todo mundo foi. Até a Paulinha. Eu fiquei com sono, bebendo. E mando mensagens pra pessoas que gosto de madrugada. Acho que o celular é uma invenção muito bacana. Aproxima as pessoas que se gostam. Fiquei na Pizzaria Guanabara conversando com a Bia, a Camila e o Ricardo. A Camila foi embora. A gente continuou. O Ricardo me conta que tem uma empregada que se chama Lucineide. O apelido dela é "Alucineide". Saca só o naipe dela. O Ricardo conta que falou pra ela : "Alucineide, pega uma garrafa de coca pra mim na geladeira". Lucineide foi e voltou: "Olha, seu Ricardo, eu fui lá. Tem garrafa deitada, de pé, mas "di coca" não tem não" Genial. Aí Ricardo perguntou pra Lucineide: "Ei, Alucineide, qual é a distancia de Copacabana até o Leme?". E a Lucineide respondeu: "Olha, seu Ricardo, a distancia de Copacabana até o Leme eu não sei não. O que eu sei é que do Leme até Copacabana deve ter tipo uns 10 Km". É por isso que eu demoro pra dormir. Já é de manhã, o sol tá rachando lá fora. Eu tenho a praia do Leblon pra ir caminhando arrastando meus coturnos na contra-mão dos saudáveis praticantes de jogging. Gosto disso. Como prêmio tenho um café da manhã de hotel cinco estrelas. A vida pode ser muito boa, meu camarada. Não deixe nenhum sucida maluco te convencer do contrário. E não pensem que eu estou aqui falando de felicidade. Eu não falo desse tipo de bobagem. Ando insistindo nisso. Tô falando de serenidade. Tô falando de voltar pro hotel andando sob o sol causticante dessa manhã do Leblon. Tô falando de tomar um café da manhã olhando o mar pela janela do restaurante. Tô falando de saber que há pessoas queridas que respondem mensagens de um bêbado impertinente de madrugada. Tô falando de algo tão fácil de sacar, mas que ninguém percebe porque tá todo mundo com pressa demais de ser feliz, de ser bem sucedido, de ficar rico ou qualquer merda dessa. Você vão por aí que eu vou por aqui, falou? Talvez a gente se trombe qualquer hora dessas, mas se não acontecer, tá tudo bem. Tá mesmo tudo muito bem. Bom dia pra vocês.


(texto do dramaturgo Mário Bortolloto, publicado em 18/11/2009 em seu blog http://atirenodramaturgo.zip.net/ )

Minha música

Tá ficando mais difícil a cada dia. São poucos os lugares onde se pode dançar nessa vida. Eu não me forço mais às baladas. Acho mancada essas casas noturnas proibida para menores de 18 anos. Essa é a idade mental limite de alguém achar alguma diversão nisso.


Eu gosto de dançar, dar risada, encontrar gente divertida e beber alguns muitos mililitros de álcool. Danço no embalo da conversas, no barulho das ruas, das brigas das tristezas e alegrias. Limito minha simpatia, meu carisma, meus medos, mas não limito minha música. Ouço coisas em todo lugar. E danço. E ao contrário do ditado, não danço conforme a música.


Danço como sinto. Danço pra viver. Danço essa grande vida que não é resumida em passinhos e coreografias. Danço nas esquinas da vida, nos becos sem saída, nos botecos com torresmo e sardinha. Só não me convide pra “pista”, esses lugares que eu tenho que pagar pra ainda agradar. E que fico impedida de ouvir música, ao ser abafada com tanto som.


Aprendi a dançar ontem, numa noite espetacular de sexta feira. Mas aprender a dançar não é definitivo. É ocasional, é fenomenal. É sonho, é desejo, é impulso. E aconchego, claro! E eu só quero novos toques nessa melodia.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A unanimidade é burra

Mãe, avós, amigos, colegas, conhecidos, vizinhos, chefe, ex chefe. Todos são unânimes: você tem que namorar, ja tá tempo demais solteira.

Gui - sobrinho - 5 anos: "A minha tia não precisa namorar porque já tem eu pra gostar muitão."
Rayra - afilhada adotada - 9 anos: "A Nise só vai namorar quando cansar de brincar com a gente."

E eu?

♪ eu fico com a pureza da resposta das criança / é a vida / é bonita e é bonita

domingo, 24 de janeiro de 2010

A inquietante busca de um trabalho

E você sai de mais uma seleção. A única certeza é que continua desempregada. Depois do mal estar momentâneo e de se achar cada vez mais incapaz, você começa a analisar a situação. Não ajuda em muita coisa, mas eu continuo a alimentar a minha inútil mania de observar.

Uma psicóloga, baseada numas idéias de um cidadão de outro mundo, de outro contexto e de outro tempo decide te julgar. Julgar seu perfil. E aí, você até sabe os bla-bla-bla que tem de ser dito, mas depois de ouvir a mesma ladainha de 20 pessoas, decide continuar a ser você. E é óbvio que não seria aprovada para trabalhar no sistema bancário. Puta ironia!!! Uma simples consulta do meu nome no Google já evitaria o desperdício de me chamar. Mas já que eu fui até lá e o salário era bom, me submeti a tal da seleção. Vamos rir um pouco.

1ª fase: fazer uma redação com o tema “Minhas expectativas profissionais”.
Eu escrevo um monte de ladainha e termino com a frase. “Uma das minhas principais características é saber respeitar o meu tempo e o dos outros.” Que burraaaaaaaaa!!! E banco lá quer saber de tempo. É uma corrida contra o tempo e eu lá pensando em respeito.

2ª fase: apresentação (esta é a mais longa e divertida). Tinha alguns tópicos a atender (supimpas, claro!)
- nome, idade
- com quem mora
- trabalhos que já realizou
- diferenciais
- dica cultural
- porque deveria ser contratado

Eram vinte candidatos. Essa fase durou mais de uma hora. Mas poderia ter terminado em cinco minutos. Entre todos, foram citados três diferencias: vontade de aprender, ser arrojado e persistente. Todos, absolutamente todos deveriam ser contratados porque “aquela vaga era a cara deles, tinha tudo a ver”. Única e simplesmente isto. E a dica cultural, essa foi a melhor, eu até que tentei segurar o riso, mas o espetáculo era bom demais. Tinha os mais cult, que indicavam livros: “Quem mexeu no meu queijo?” e o “O monge e o executivo” (acho idiotice ler best sellers. Todo mundo fica na mesma forminha, igualzinho. Eu já aprendi marchar quando participava de fanfarra. Basta!). Mas também tinha os descolados, que falavam que o SESC atende a qualquer público (não me convenceram que só conhecem os “TI-BUM do Itaquera). E claro, o povo natureba, que ficou entre o Ibirapuera e o VilLa Lobos (sobre o Ibirapuera acho que não precisa de indicações e quanto a mocinha que indicou o Villa Lobos, disse que vai lá sempre andar de bicicleta. Mentiraaaaaaa, se assim fosse não estaria gorda daquele jeito hehe). O trecho mais longo foi o pessoal falando sobre o trabalho. Como trabalha esse povo desempregado hein!!!

3ª Teste individuais de português e matemática.
O lado bom: não ter mais que ouvir nada. O lado ruim: a matemática. Pensa em alguém que brigou com absolutamente todas as professoras dessa matéria. Eu não entendia, achava que a culpa era deles, professores do Estado vocês bem pode imaginar, e o resultado é uma pessoa incapaz de resolver qualquer coisa além de expressões numéricas.

E assim, depois de quatro horas eu me finalizo. Eu não segui nenhum roteiro. Acaba aquilo ali e acaba algumas outras coisas em mim.