sábado, 30 de janeiro de 2010

E O RIO DE JANEIRO CONTINUA INDO

(texto de um maluco, que me faz ter certeza que existem pessoas que pensam e agem exatamente igual neste mundo)


Eu mando mensagens pra pessoas que gosto de madrugada. Continuo fazendo isso. Foi o que fiz nessa madrugada carioca. Fico assim quando estou bêbado de madrugada. Querendo me comunicar com as pessoas que gosto. Pelo menos as que eu acredito que não vou incomodar. Gosto de ser assim. Eu sei que algumas estão dormindo e nem viram a minha msg. Algumas me respondem carinhosamente. Outras até me ligam de volta no meu celular com chip carioca e ficam um tempão conversando comigo. Bom saber que não tô sozinho quando preciso delas. Converso, ouço elas falarem, digo coisas que pelo menos pra mim tem o mó sentido. Era pra eu ter ido dormir há mais de cinco horas. Todo mundo foi. Até a Paulinha. Eu fiquei com sono, bebendo. E mando mensagens pra pessoas que gosto de madrugada. Acho que o celular é uma invenção muito bacana. Aproxima as pessoas que se gostam. Fiquei na Pizzaria Guanabara conversando com a Bia, a Camila e o Ricardo. A Camila foi embora. A gente continuou. O Ricardo me conta que tem uma empregada que se chama Lucineide. O apelido dela é "Alucineide". Saca só o naipe dela. O Ricardo conta que falou pra ela : "Alucineide, pega uma garrafa de coca pra mim na geladeira". Lucineide foi e voltou: "Olha, seu Ricardo, eu fui lá. Tem garrafa deitada, de pé, mas "di coca" não tem não" Genial. Aí Ricardo perguntou pra Lucineide: "Ei, Alucineide, qual é a distancia de Copacabana até o Leme?". E a Lucineide respondeu: "Olha, seu Ricardo, a distancia de Copacabana até o Leme eu não sei não. O que eu sei é que do Leme até Copacabana deve ter tipo uns 10 Km". É por isso que eu demoro pra dormir. Já é de manhã, o sol tá rachando lá fora. Eu tenho a praia do Leblon pra ir caminhando arrastando meus coturnos na contra-mão dos saudáveis praticantes de jogging. Gosto disso. Como prêmio tenho um café da manhã de hotel cinco estrelas. A vida pode ser muito boa, meu camarada. Não deixe nenhum sucida maluco te convencer do contrário. E não pensem que eu estou aqui falando de felicidade. Eu não falo desse tipo de bobagem. Ando insistindo nisso. Tô falando de serenidade. Tô falando de voltar pro hotel andando sob o sol causticante dessa manhã do Leblon. Tô falando de tomar um café da manhã olhando o mar pela janela do restaurante. Tô falando de saber que há pessoas queridas que respondem mensagens de um bêbado impertinente de madrugada. Tô falando de algo tão fácil de sacar, mas que ninguém percebe porque tá todo mundo com pressa demais de ser feliz, de ser bem sucedido, de ficar rico ou qualquer merda dessa. Você vão por aí que eu vou por aqui, falou? Talvez a gente se trombe qualquer hora dessas, mas se não acontecer, tá tudo bem. Tá mesmo tudo muito bem. Bom dia pra vocês.


(texto do dramaturgo Mário Bortolloto, publicado em 18/11/2009 em seu blog http://atirenodramaturgo.zip.net/ )

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