quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Contra o egoísmo.

Este não é mais um entre tantos textos que defendem o “direito a vida”. E muito menos um relato de uma grávida desesperada. Tampouco uma apologia. É uma sólida opinião. A FAVOR do aborto. E se você é daqueles que também nunca pararam pra pensar por si, sempre seguiu o que ouviu, desde que por este caminho está, talvez queira me condenar à fogueira. Um favor: dá logo um tiro, porque eu tenho pavor de calor!!!

Sei que se declarar abertamente a favor de algo que é considerado crime em nosso país, pode me condenar de imediato. O aborto é crime previsto em lei, mas não é por isso que as pessoas o repugnam. Nesse caso, a opinião quase que unânime está ligada a vínculos religiosos. Ainda que inconscientemente.

É pavoroso estar no meio de uma discussão sobre o assunto e quando questionar alguém sobre o porque da sua posição contrária ao aborto, ouvir a máxima “nem precisa explicar né”.

Defender o direito ao aborto é eficazmente defender o direito a vida. Porque vida não deve se resumir ao simples ato de nascer.


É obvio, que assim como grandes partes dos países avançados e pensantes do mundo, o nosso Brasilzinho vai liberar o aborto. Mas enquanto isso não acontece, a mulher continua a não ser dona do seu corpo, continua a ser obrigada a ter filho.
Neste momento aparecem os defensores. Defensores sabem nem eles direito do quê. Com seus conceitos sempre ultrapassados:

- É só se cuidar que isto não acontece.
- Não devemos tirar o direito da vida de um ser indefeso
- Já há vida desde os primeiros dias
...e todos os bla bla blas que não mudam nunca e todo mundo já sabe de cor.


É fato, que com a prevenção, a possibilidade de uma gravidez reduz consideravelmente. Mas, em primeiro, que NENHUM método é 100% seguro e o “anjinho” pode sim descer do céu sem ser solicitado. E aí? É certo trazer para o mundo, alguém que não será bem vindo. As regras de etiqueta e convívio social sempre dizem para não convidar pessoas indesejadas. Mas no caso do aborto, é lei, é obrigação aceitar este alguém. É preciso amor para uma convivência tão assídua como uma relação familiar. E não é um artigo que basta para compor este amor.
E outra, que atire a primeira pedra que nunca agiu por impulso, ainda mais com tesão na parada.

As leis brasileiras são ultrapassadas, assim como quase tudo que é imposto por religiões. E a contrariedade ao aborto se firma entre esses dois vulneráveis alicerces.

Minha opinião se baseia em apenas um aspecto: o amor às crianças. E agora, trabalhando frequentemente com estes seres iluminados, sei o quanto é injusto aceitá-los só por cumprimento a uma lei e por medo dos maus olhares da sociedade.

As mulheres um dia não tiveram o direito de escolheres seus maridos;
As mulheres foram queimadas em fogueiras por livre arbítrio;
As mulheres não puderam trabalhar;

Isto mudou.
Mas elas ainda são obrigadas a terem um filho. Independente de não terem apoio emocional, abrigo, condições psicológicas...Um equívoco cometido, onde nós mulheres, sozinhas, somos OBRIGADAS a responder pelas “consequências”...Mas caso não queira, é só aguardar nove meses e despejar o hóspede em algum abrigo, albergue. Por que este tipo de descaso é permitido por lei.

É certo isso? É humano isso? É divino isso?

Um comentário:

Silvia Caroba disse...
Este comentário foi removido pelo autor.